Síndrome de Down e Doença Celíaca
by Dr. Len Leshin, MD, FAAP
tradução: Ana Maria Xavier
Estudos nos anos noventa indicaram que as crianças com Síndrome de Down possuem um risco mais alto de desenvolver Doença Celíaca do que a população geral. As razões para isso não estão completamente claras, mas as crianças com Síndrome de Down tem um risco maior de desenvolver doenças auto-imunes, como é o caso da Doença Celíaca . Estudos da Europa mostraram que a porcentagem de crianças com Síndrome de Down que tem DC variam de 7% a 16%. Um estudo americano ( Costa Oriental) mostra 4 a 5% de crianças com Síndrome de Down que apresentam DC , mas quase todas eram Caucasianas, assim este grupo era principalmente de herança européia. Outro estudo americano feito no EUA ( sudeste) encontrou 7% das crianças com Síndrome de Down positivas para DC.
O intestino delgado tem muitas funções, uma das quais é absorver os nutrientes da nossa alimentação.A doença celíaca surge quando sua cobertura interior fica prejudicada devido à exposição ao glúten, a proteína encontrada no trigo, cevada e centeio (a aveia pode ser incluída, por ser freqüentemente contaminada com glúten proveniente de outros grãos durante a moagem). O intestino delgado se torna incapaz de absorver água e nutrientes, provocando vários e diferentes sintomas.
Por que uma criança contrai a doença celíaca?
Primeiro, ela começa apenas após exposição ao glúten.Segundo, geralmente existe uma predisposição genética que ataca a "sensível" camada interna do intestino delgado.Terceiro, certas agressões do meio ambiente ao intestino podem fazê-lo mais suscetível ao ataque do glúten, como cirurgia ou infecção no trato gastrointestinal. Seja qual for o motivo inicial, o glúten acaba causando resposta imunológica no interior do intestino delgado:quando a superfície encolhe e fica flácida, a má absorção ocorre. DC é mais comumente encontrada na Europa que nos Estados Unidos, mas estudos recentes indicam que a incidência da doença em americanos com ancestrais europeus é a mesma que na Europa. Raramente se encontra a doença em afro-caribenhos e nos que tem ascendência do Leste Asiático.
Os sinais da doença são variados, já que os sintomas podem ser severos em uns e leves em outros. A maioria das crianças com DC tem o que se costuma chamar de "falha para florescer": ganho de peso retardado e algumas vezes também de altura. Muitas tem diarréia que pode levar algumas crianças à desidratação, vômito, são irritáveis, podem ter falta de apetite e fezes muito mal cheirosas além de grandes e duras. Crianças que mantém DC por longos meses podem ficar com o estômago inchado e ter perda de massa muscular. Se não for tratada, a má absorção contínua causará desnutrição, anemia, osteoporose e neuropatia periférica.
O principal meio de diagnóstico para DC sempre foi biópsia do intestino delgado. Sob o microscópio o interior do intestino mostra os danos característicos da doença. Outra forma de fazer o exame é o paciente engolindo uma cápsula presa a um fio,o qual é usado para puxar a cápsula depois de algum tempo. Muitos médicos preferem no entanto fazer a biópsia por endoscopia direta, especialmente em crianças.O interior do intestino delgado tem certas características visíveis ao microscópio, quando a DC está presente.
Já que a biópsia não é fácil ou barata, nem sempre é do interesse da criança ou da família fazê-la, então o melhor seria um simples teste sanguíneo que pudesse detectar qual das crianças necessitaria da biópsia. Alguns exames já foram testados com resultados ineficientes como o teste para anticorpos antigliadina, já abandonados. O seguinte foi para anticorpos antiendomísio , que é superior ao antigliadina mas a interpretação depende do operador e é propenso a erro.Os testes mais recentes buscam anticorpos IgA para enzima transglutaminase (TG), uma enzina intracelular que liga a gliadina e a processa de tal forma que inicia a sequencia autoimune na DC. Como o teste da enzina TG se tornou muito sensível e específico para determinar DC, acabou se transformando no mais indicado especialmente para crianças, assim como para adultos que não tem sintomas da DC. Note-se que todos estes testes medem os níveis IgA de anticorpos. O problema é que a deficiência de IgA pode acorrer em pessoas com a DC,e no entanto os marcadores podem não mostrar isso, o que tipifica o "falso negativo". Por esse motivo, cada vez que se fizer o teste sanguíneo o médico deve fazer os testes para verificar os níveis totais de IgA.
É importante notar que a infecção por Giardia, um parasita microscópico encontrado no mundo inteiro, pode imitar sintomas da DC. O diagnóstico para esta infecção é feito por testes especiais nas fezes.
O tratamento da DC é ao mesmo tempo simples e difícil :dieta sem glúten.Todo produto com trigo, cevada ou centeio fica de fora. Comumente se aconselha retirar também a aveia da dieta no começo. Isso pode ser recolocado logo que o paciente esteja melhor. Na maioria dos casos os sintomas se resolvem um duas semanas. Quanto mais a criança cresce, mais tempo se leva para conseguir manter a dieta infantil sob controle. A DC é uma doença para a vida toda; os sintomas podem reaparecer quando tudo indica que a doença foi domada, mas deve-se continuar seguindo a dieta para evitar o surgimento de doenças. Pode-se também precisar de suplementos vitamínicos para complementar a dieta sem glúten.
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